segunda-feira, 25 de abril de 2016

Tesão ao primeiro acorde


Dança louca!



Não consigo quantificar a empatia que temos. A amizade de anos que se fomenta cada vez mais. É como tu dizes, quando olhamos um para o outro parece que estamos a olhar para um espelho, que sabemos o que o outro está a pensar ou o que vai dizer. E, não tenho coragem para estragar isso.
À medida que o tempo passa cada vez temos necessidade de partilhar mais coisas; não são só as saídas para a praia, para dançar, partilhar uma bebida, uma cigarrilha, um por de sol...
Um amante é fácil de arranjar, um grande amigo não.
Mas é muito difícil de aguentar, desde as massagens na praia às faíscas que sentimos, não nos podemos tocar que é tipo choque eléctrico, mas como tu mesmo perguntaste “é preferível uma grande foda ou uma inigualável amizade?”.
Pergunto-me o mesmo várias vezes, principalmente desde a nossa ultima dança, recordas-te?
Timidamente me levaste para a pista de dança e eu não estava à vontade para dançar Kizomba. Foste-me ensinando os passos como um verdadeiro profissional. Gradualmente e, após imensas pisadelas, que tu desculpavas a dizer que a culpa era tua, fui ganhando confiança e entregando à musica e às tuas mãos.
Nos teus braços dancei 3 horas seguidas, sem cansaço, sem tédio, gradualmente com mais entrega. Quando me perguntaste se podias tocar mais abaixo para “atarraxarmos” ao princípio estranhei mas depois percebi o porquê; sentir a tua anca na minha, as tuas pernas entre as minhas, a tua mão na minha anca e coxas fez-me vibrar.
Ao princípio hesitante e depois com confiança entreguei-me de corpo e alma. Aos poucos deixei de ver e só sentia as tuas mãos, os teus movimentos, a música, a tua voz…
Sim, porque dizias que eu tinha nascido para aquilo e cantavas ao meu ouvido a música “Moça Louca”. Quando abri os olhos vi que éramos só nós mais um casal na pista e que todos olhavam para nós, não me demoveu. Encostei-me mais a ti e acompanhei todos os teus movimentos; éramos só um…
Quando comecei a ouvir a tua respiração ofegante e me beijaste o pescoço senti que me ia perder, tentei-me controlar apesar de todos os parcos pelos do meu corpo se eriçarem. Continuaste os beijos até chegares ao canto da boca e eu já arfava mas, numa breve e lúcida consciência olhei para ti e tu percebeste o que me ia na alma e com um beijo na testa disseste “vamos embora antes que nos estraguemos”.
Um misto de sensações me percorreu, mas o meu lado consciente anuiu.
Na despedida ainda hesitaste e pude perceber que estavas com esperança que te convidasse para subir. Gagueja-mos, coisa impensável para nós, mas o abraço e beijo foi breve, com receio praticamente não nos tocámos e cada um foi para o seu lado.
Dança maldita que evito contigo, apesar dos constantes convites. Espero que percebas que o corpo não é de ferro e espero não estar a errar quando prefiro ter a tua enorme amizade do que corrermos o risco de nos envolvermos e as coisas correrem menos bem e nos afastemos.
Mas não podemos duvidar das faíscas que sentimos no touque, apenas as podemos evitar.

Antes uma inigualável amizade do que uma grande foda!